A Maior Tragédia de Nelson Rodrigues
Até que ponto vale a pena explorar a desgraça alheia em troca
de audiência? Até que ponto a sensação que causo em meu leitor é mais importante
do que as sensações dos “personagens” de minha noticia? Todos os jornalistas já devem ter caído neste dilema, mas, o
Jornal Crítica criado por Mario Rodrigues em 1928 é um dos melhores exemplos de
sucesso e fracasso da exploração das desgraças humanas.
Com uma estréia pequena de apenas oito paginas, em um ano já
tinha uma versão especial com 40, sendo grande parte formada por anúncios. Mario
descobriu brechas nos então desinteressados leitores e, propondo um jornal direto,
com notícias populares e a preço convidativo, se tornou dono do “matutino de
maior circulação do Brasil”.
Mas foi uma tragédia que deu início ao fim jornal. Roberto
Rodrigues, filho de Mario, foi assassinado por Sylvia Thybau, escritora e dama da sociedade
carioca, que, apesar de ter feito pedido para que o jornal não publicasse sua
separação, teve a surpresa de se ver estampando uma matéria de Crítica. Revoltada, ela vai a redação do jornal para matar Mario Rodrigues ou um de seus
filhos. Com a morte de Roberto, a família Rodrigues começa a cair em desgraça. Mario
morre dois meses após o filho e o jornal é fechado após a revolução de 1930. Sylvia
é considerada inocente pelo assassinato de Roberto. Tantas tragédias serviram
de estimulo para que Nelson Rodrigues escrevesse peças e, mais tarde, se tornasse
referência pela excelência de seu trabalho como escritor e jornalista.
A seguir, trechos do extinto Linha Direta ( TV Globo), mostrando o caso Roberto Rodrigues:
A seguir, trechos do extinto Linha Direta ( TV Globo), mostrando o caso Roberto Rodrigues:
Parte I
Parte II
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